O exercício das relações humanas – Teoria da Mente e cotidiano
Por Sergio Duarte Junior
A Neuropsicologia e a Psicologia Cognitiva, duas áreas em constante desenvolvimento, estão presentes diariamente na relação das pessoas com o seu ambiente através da contribuição ao aperfeiçoamento dos métodos para evidenciar o funcionamento cerebral e as relações interpessoais. Na busca de compreender a mente deve-se considerar a própria natureza daquilo que está sendo discutido: o que é particular, privado, subjetivo, o que não é observável e nos constitui como humanos. A habilidade de compreender intenções, desejos e emoções do nosso próprio comportamento e dos outros, ainda, predizer as próprias ações e a dos outros compõem o objeto de estudo da denominada Teoria da Mente.
A Cognição Social e o Reconhecimento de Emoções são importantes modelos teóricos que, assim como a Teoria da Mente, contribuem para compreender fenômenos cognitivos e emocionais que são individuais, mas que auxiliam no sustento da evolução humana organizada em sociedade. Cada um desses modelos teóricos tem construído um robusto corpo de conhecimento que inclui processos anatômicos, fisiológicos, químicos, elétricos, cadeias de áreas do córtex cerebral que, juntas e específicas, processam a informação de modo a ajustar e modular o comportamento durante uma banal conversa entre amigos, em uma reunião de trabalho, um almoço em família, na fila do supermercado etc., por exemplo. Além dos processos já apresentados acima estes modelos teóricos consideram a sociedade em que o indivíduo vive, pois as variações do que é socialmente aceitável e estimulado são diferentes em diferentes culturas como a vergonha, culpa, admiração e arrogância. De outra forma algumas expressões faciais são universalmente reconhecidas como a felicidade, raiva, tristeza, medo, repulsa e surpresa.
Identificar o seu próprio estado mental e reconhecer um estado mental de outra pessoa é um processo cotidiano e que pode ser exercitado. Está disponível na Netflix, provedor de séries e filmes via internet, a série norte-americana de comédia Unbreakable Kimmy Schmidt. Na história a protagonista Kimmy é a exemplificação da boa vontade. Depois de ser enganada por um fanático religioso e seu culto apocalíptico ela e suas colegas de bunker, que passaram 15 anos trancafiadas, são resgatadas e soltas. Cheia de esperança, Kimmy decide que vai morar em Nova York e começa a explorar as possibilidades de sua nova vida na cidade que nunca dorme. Por lá a moça forma e se encaixa em um grupo de amigos disfuncionais, interessantes.
Para exercitar a teoria da mente o expectador pode se colocar no lugar dela e compreender o quão difícil é entender os problemas do outro a partir dos recursos emocionais e experiências prévias que este outro possui.
Ainda, trazendo para mais perto, o conhecimento abreviado da teoria da mente e a sugestão de assistir a série descrita acima é a oportunidade de exercitar uma grande, sofisticada (e difícil) característica humana; permitir-se rir de si mesmo.
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